segunda-feira, 18 de abril de 2011

Produção de Carvão de Bambu, uma Alternativa Viável e Ambientalmente Sustentável.

O presente trabalho apresenta a alternativa do uso do bambu para a obtenção de energia, através
do carvão de bambu. São apresentados dados acerca do processo de produção e das características
do produto final. O artigo também apresenta uma estimativa de custos para a montagem de um novo
empreendimento para a produção do carvão ativo de bambu. Por fim, conclui-se que tal alternativa
acena com a possibilidade de uma produção economicamente viável e ambientalmente sustentável.

Palavras-chave: carvão de bambu; carvão ativo de bambu; energia.
pela sua velocidade de crescimento. De acordo
1. Introdução
com Choy et all (2005) algumas espécies podem
O Brasil é o país com maior número
crescer até 120 cm em apenas 24 horas.
de tipos de bambu da América Latina (Jahn,
2001). De acordo com um relatório das Nações
Possibilidades de Utilização
Unidas de março de 2005, o país possui mais
(...)
de 130 espécies da planta. Contraditoriamente,
o potencial do bambu brasileiro ainda é pouco
4. A Produção do carvão de bambu
explorado em comparação com os usos que se
Há dois tipos possíveis de carvão de
fazem em outros países, como China e Índia.
bambu a serem produzidos. O carvão de bambu
Um dos possíveis usos do bambu é
simples e o carvão de bambu ativado. Assim
na geração de energia. Isso se dá através da
sendo, a produção pode se dividir em 4 ou 5
produção do carvão de bambu. Essa alternativa
grandes etapas. As quatro primeiras são comuns
é viável e gera benefícios múltiplos. Constitui
aos dois tipos. O processo se inicia na extração
uma grande possibilidade de desenvolvimento
do bambu. Em seguida há um processo de cura
econômico e acena com uma exploração
ou secagem. Após a secagem se inicia o terceiro
sustentável. O maior conhecimento dessa
e mais importante processo, o de carbonização.
tecnologia é vital para o desenvolvimento
O carvão de bambu é um subproduto do
da indústria do carvão de bambu que pode
processo de carbonização. A quinta etapa é um
representar um caminho para a elevação da
processo químico de ativação, que gera o carvão
renda e qualidade de vida de regiões pobres não
de bambu ativado.
só no Brasil, mas também nos demais países do
mundo.
Ilustração 1 - Macroprocesso de
(...)
obtenção do carvão de bambu simples e
ativado
2. Metodologia

Este trabalho faz parte da disciplina
Termodinâmica Aplicada, integrante do curso
de Engenharia de Produção da UFRJ, sob
orientação do Professor Silvio Carlos.
(...)

3. O Bambu

O bambu é uma planta tropical fácil de
ser encontrada em diversos países do mundo
com destaque para os países mais ao sul da
Ásia como China, Índia, Tailândia e Vietnã,
além de alguns países da América Latina,
especialmente o Brasil. O bambu impressiona

1ª Etapa - Extração e Corte
De acordo com Brito (1987) e Presznhuk
(2003), a obtenção do carvão de bambu é
realizada através da coleta dos bambus, ainda
maduros. Retiram-se segmentos dos colmos da
região basal, mediana e apical, ou terminal, dos
bambus secos. Os segmentos são cortados em
cavacos.
O corte deve ser feito de 15 a 30 cm de
distância do solo e logo após um nó, para que
assim evite o acúmulo de água no interior do
colmo que permanece na mata. Este acúmulo na
parte basal pode vir a provocar o apodrecimento
do rizoma, impedindo o crescimento de um

* Av. Monsenhor Ascâneo 591/ apto 102. Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ, CEP 22621-060

novo bambu (Cardoso Jr. 2000).

2ª Etapa - Cura
Cardoso Jr. (2000) descreve a etapa de
cura como um procedimento utilizado para
tornar o material menos propenso ao ataque de
insetos. Segundo o autor, a expulsão da seiva
reduz a concentração de amido pela transpiração
das folhas. Alguns autores não consideram
essa etapa como necessária para a produção do
carvão de bambu.
O processo de cura inicia-se ainda na
mata. Após ser feita a extração do bambu, deve-
se colocar os talos em posição vertical, sem
retirar suas folhas e ramas, isolando eles do
solo. Este processo conserva a cor natural do
bambu e, de acordo com Hidalgo (1981), 91,6%
dos bambus curados na mata foram menos
atacados que os não curados. Este processo dura
de 4 a 8 semanas.

3ª Etapa - Processo de secagem
Há três diferentes processos de secagem:
Secagem ao ar livre
Este processo dura de 6 a 12 semanas.
Este método implica que os bambus estejam
cobertos e isolados do solo em plataformas
elevadas de aproximadamente 30 cm.

Secagem ao fogo
Neste caso, o calor deve ser controlado
para evitar uma secagem muita rápida. Os
bambus devem também ser movimentados
permitindo uma secagem mais uniforme
(Hidalgo, 1981).

Secagem em estufa
Para este processo utilizam-se estufas
convencionais, semelhantes as usadas para
secagem de madeira. Ele é recomendado para a
secagem em larga escala. Envolve custos mais
altos, porém possui um dispêndio de tempo
muito menor, da ordem de 2 a 3 semanas.

4ª Etapa - Carbonização
A carbonização do bambu gera dois
principais produtos: o carvão de bambu e
o líquido pirolenhoso ou vinagre de bambu
(Umezawa, 2002). A carbonização pode ser
realizada em forno simples. A produção de
carvão de bambu representa uma alternativa
para o setor agrícola e o industrial (Beraldo
e Azzini, 2004), e pode ainda contribuir para
a preservação de florestas nativas. A tabela 1
apresenta a porcentagem de carvão vegetal que
é produzido através da extração de mata nativa e
de áreas de cultivo. Sendo o bambu uma planta
de fácil cultivo e rápido crescimento, acredita-
se que o maior uso desse carvão pode contribuir
para a redução desses índices:

Tabela 1 - Consumo proveniente de
matas nativas e de áreas de cultivo. Fonte:
A.M.S. 2003

Pela ação da temperatura, o bambu é
aquecido, decompondo-se em uma matéria
sólida, o carvão vegetal, e em gases voláteis.
Uma parte desses gases é condensável e,
depois de liquefeita, se transforma no líquido
pirolenhoso (Brito et. Al. 1987).
Gomes & Oliveira (1980) definem a
carbonização como um processo que ocorre
quando o material é aquecido em temperaturas
superiores a 300, com a presença de uma
quantidade controlada de oxigênio, gerando
o desprendimento de vapor d`água, gases
não condensáveis, carvão — concentração de
carbono fixo — e líquidos orgânicos.
O liquido pirolenhoso é uma mistura
complexa de compostos orgânicos com cerca
de 200 substâncias, como ácido acético, ácido
fórmico, ácido butírico, fenóis, aldeídos,
álcoois, entre outros. Devido à grande
quantidade de ácidos, o Ph deste produto varia
entre 2,2 e 3,1 (Qisheng et al 2003, citado). A
principal indicação de uso desse produto é na
agricultura orgânica.
A obtenção do líquido pirolenhoso é
considerada como um modo de agregar valor
na produção e possui a utilidade também
de controle e prevenção de insetos para a
agricultura (Encarnação, 2001). O líquido
pirolenhoso é apontado ainda como agente de
melhoria da assimilação dos nutrientes quando
adicionado à ração de animais.
Ainda de acordo com Encarnação (2001),
a obtenção do líquido pirolenhoso minimiza
o impacto ambiental gerado pela produção de
carvão, uma vez que para sua geração faz-se
necessária a captação da fumaça proveniente da
carbonização.
Outro subproduto da carbonização
é a obtenção de energia elétrica. Existem
ainda poucas pesquisas relacionadas às
potencialidades dos gases liberados na
carbonização do bambu. Entretanto, em
Manipur na Índia, está em funcionamento uma
unidade de produção de eletricidade que gera
cerca de 100 KW através dos gases resultantes
da queima do bambu (CIBART, 2004).

Ilustração 2 – Representação da
etapa de carbonização do bambu e seus
subprodutos.

5ª Etapa - Ativação
Por meio de processos físicos e
químicos, pode-se realizar a ativação do carvão,
transformando-o em carvão ativado (Peznhuk,

2003).

Os detalhes do processo químico foram
descritos por Choy et al (2005). Tais dados não
serão aqui reproduzidos pois fogem ao escopo
deste trabalho.

5. Propriedades do carvão de bambu

Os dados acerca do carvão de bambu que
serão expostos nessa seção são resultado de uma
experiência desenvolvida por Brito et al (1987).
Baseando-se na afirmação de Qisheng
et al (2003) de que as propriedades físicas e
mecânicas do carvão de bambu diferem de
acordo com a temperatura de carbonização e
com a espécie de bambu utilizada, a experiência
foi realizada com diferentes espécies ou
variedades de bambu.
As espécies de bambu escolhidas foram
Bambusa vulgaris var. vittata, Bambusa
vulgaris var. vulgaris, Bambusa tuldoides,
Dendrocalamus
giganteus
e
Guadua
angustifolia. Foram coletados colmos de 3 a
4 anos de idade em três distintas posições do
bambu. Como elemento comparativo foram
utilizadas amostras de eucalipto da espécie
Eucalyptus urophylla coletadas de cinco árvores
distintas.

Caracterizações dos materiais

Tabela 2 - Rendimento de produtos -
peso seco. Fonte: Brito et al (1987)

Tabela 3 - Caracterização física do
carvão. Fonte: Brito et al (1987)

Tabela 4 – Dados aquecimento em
forno mulfa. Fonte: Petznhuk (2003)

Avaliação macro dos resultados
Sangbum et. al. (2001) ressalta algumas
características especiais do carvão de bambu
como a emissão de grandes quantidades de raios
infravermelhos, a geração de íons negativos,
o efeito eletro-magnético e anti-bacteriano,
além de possuir grande quantidade de poros,
ou micro-orifícios. Segundo Bonoldi (s.d.),
esses poros permitem ao carvão de bambu
grande capacidade de adsorção, ou fixação
física de uma substância na outra. HongBo et.
al. (2001) revela a obtenção de carvões com
área de superfície específica de até 2610 m2/g,
sendo que os carvões ativados de alta qualidade
possuem superfície de 2000m2/g (Mayer, 1975).

De acordo com Perzhunk (2003) o carvão
de bambu possui muitas utilizações, tais como:

Capacidade de retenção de
amônia, alcançando valores de retenção acima
de 70% e, de sulfeto, acima de 80% (Sangbum e

Suduk, 2001);
• Absorção
de
compostos
orgânicos, trihalometanos, íons cloro, íon
sulfeto e nitrato (Qisheng et. al., 2003; Sangbum
e Suduk, 2001);

Capacidade de retenção de
metais como chumbo, ferro, cobre e zinco
(Sangbum e Suduk, 2001);

Como filamento para compor
lâmpadas elétricas (Mcclure, 1993; Shao et. al.,
2002);

Para fins energéticos, como
carvão vegetal (Brito et. al., 1987);

Como
medicamento,
para propósitos farmacêuticos (Mcclure,
2000), provavelmente para o tratamento de
intoxicações;

Efeito antioxidante em óleos de
fritura (Fuduka et. al., 2001);

Purificação
do
ambiente
(Qisheng et. al., 2003; Sangbum e Suduk,
2001).

6. Estimativa de custos para um novo
empreendimento

Nesta seção são mostrados dados
acerca da viabilidade técnica e econômica
para a produção de carvão ativo de bambu.
Os dados estão baseados em um estudo de
Choy et al (2005), no qual foi considerado
um empreendimento capaz de carbonizar 30
toneladas de bambu por dia, gerando cerca
de 6,6 toneladas de carvão ativo e 300kW de
eletricidade.
A estimação completa de custo da planta
é composta por duas partes: o investimento
inicial e o custo de produção.

Tabela 5 - Equipamentos necessários
para o novo empreendimento. Fonte: Choy et
al (2005)

Tabela 6 - Custos diretos para a
montagem do empreendimento. Fonte: Choy
et al (2005)

Tabela 7 - Custos indiretos. Fonte:
Choy et al (2005)

O somatório dos custos de equipamentos,
custos diretos e custos indiretos nos leva à
estimativa do custo inicial do empreendimento
de US$ 7.171.610,00. Vale lembrar que este
empreendimento tem capacidade de produção
de 6,6 toneladas de carvão ativo de bambu e
gera, como subproduto, 300 kW de energia
elétrica.

7. Conclusões

As características físicas do carvão
de bambu apontam para a viabilidade de
utilização deste no mercado de carvão vegetal.
O processo de produção do carvão de bambu
gera subprodutos que também podem ser
comercializados, agregando, portanto, grande
vantagem comercial ao empreendimento.
O artigo não se aprofunda na questão
ambiental. No entanto, uma consideração
pode ser feita neste campo. A elevada taxa
de crescimento experimentada pelas diversas
espécies de bambu, possibilita a minimização da
extração de matéria prima de florestas nativas
para a geração dos carvões vegetais.
Por fim, ressalta-se o elevado grau de
utilização que o bambu possui em países do
sul da Ásia e a contribuição deste vegetal
na elevação do nível de vida das populações
desses locais. Tal fato nos remete à reflexão
de que a ampliação do uso do bambu no Brasil
poderia gerar efeito semelhante sobre a nossa
população.

8. Bibliografia

ALMEIDA, Rogério Alexandre. Nova
sede da APASC. Trabalho final de graduação
do curso de Arquitetura e Urbanismo, EESC-
USP. 2005.

BRITO, José Otávio. FILHO, Mario
Tomazello. Produção e Caracterização do
Carvão Vegetal de Espécies e Variedades de
Bambu.1987.

CARDOSO JR., Rubens. Arquitetura
com Bambu. Dissertação de Mestrado defendida
para a obtenção de título de Mestre em
Arquitetura, UFRS. 2000.
CHOY, Keith K.H., BARFORD, John
P., MACKAY, Gordon. Production of activated
carbon from bamboo scaffolding waste —
process design, evaluation and sensitivity
analysis. Publicado na Chemical Engineering
Journal. 2005.

CENTRE FOR INDIAN BAMBOO
RESOURCE
AND
TECHNOLOGY
(CIBART). Fevereiro 2004.

ENCARNAÇÃO, Fabio. Redução do
impacto ambiental na produção de carvão
vegetal e obtenção do ácido pirolenhoso como
alternativa para proteção de plantas. Relato de
Experiência publicado na revista Agroecologia
e Desenvolvimento Rural Sustentável,Porto
Alegre, v.2, n.4, out./dez.2001.

Gustavo Best, Fao, Rome & John
Christensen, Riso National Laboratory. Role of
biomass in global energy supply. Risø Energy

Report.

JAHN, Gonzalo. Microcurso M-20- El
Humilde Bambú- “Acero Vegetal”. Publicado
no Segundo Congreso Virtual de Arquitectura,
Caracas, Venezuela. 2001.

PRESZNHUK, Rosélis Augusta de
Oliveira. Estudo da Viabilidade do Filtro de
Carvão de Bambu como Pós-tratamento em
Estação de Tratamento de Esgoto por Zona de
Raízes: Tecnologia Ambiental e Socialmente
Adequada. Dissertação de Mestrado defendida
no programa de Pós-graduação em Tecnologia,
CEFET/PR, Curitiba. 2004.

RÉGIS, Frederico Menezes. Ecodesign:
Potencialidades do Bambu. Monografia como
requisito da disciplina Projeto Experimental
para graduação no curso de Design com
habilitação em comunicação visual e ênfase em
meios digitais, UNIFACS. 2004.

UMEZAWA, H. A. Uso do Potencial
do Bambu para o Desenvolvimento Local
Sustentável: Estudo de Caso da Colônia Parque
Verde, Município de Fazenda Rio Grande – PR.
Dissertação de Mestrado defendida no programa
de Pós-graduação em tecnologia,

como caucular o custo do consumo de energia de um aparelho.


Passo 1: Descobrir qual é o consumo do aparelho 
Todo fabricante apresenta, no manual do aparelho, a indicação de consumo elétrico em watts. Procure por esta informação no manual e anote. (ex. lampada: 127watts ou 220watts).
Para esta dica usaremos um consumo (máximo) de 500 watts de uma Logitech Z-5500 :D 

Passo 2: Convertendo de watts para kilowatt-hora 
Kilowatt-hora é a medida utilizada pelas concessionárias de energia. Toda conta de energia elétrica traz a informação referente ao seu consumo indicada em kWh. Para sabermos o quanto o aparelho gasta em R$ é preciso converter a unidade. 
Bem fácil: Divida a potência por mil. 500 watts / 1000 = 0,5 kWh 

Passo 3: Calculando o consumo diário 
Também fácil: pegue o resultado da divisão anterior e multiplique pelo número de horas em que o aparelho é usado durante o dia. 
0,5 kWh * 8 horas = 4 kW 

Passo 4: Calculando o consumo mensal 
Conte o número de dias em que o aparelho fica ligado durante o mês e multiplique: 
4 kW * 20 dias = 80 kW 

Passo 5: Calculando em R$ 
Pegue a sua conta de luz e procure pelo valor do kilowatt-hora. Segundo a conta de luz de nossa residência o valor do kilowatt-hora é de cerca de R$ 0,31. 

80 kW * 0,31 = R$ 24,8 

Portanto, o aparelho consome R$ 24,8 se permanecer ligado por 20 dias, 8 horas por dia. 

Notas 
Existem outras formas de efetuar o mesmo cálculo. Você pode anotar a quantidade de horas usadas nos dias, totalizar a quantidade no mês e multiplicar isso pelo valor do kWh, por exemplo. 

Certos aparelhos possuem um consumo variável (o consumo elétrico de aparelhos de som, p.ex., varia de acordo com o volume do som) e o consumo indicado no manual será referente ao consumo quando em uso máximo (exceto se indicado o contrário). 

Calcular o consumo de um computador é mais complicado. A potência indicada pela fonte é a potência máxima fornecida por ela e o consumo real vai depender dos dispositivos conectados ao computador. No entanto se você calcular usando o consumo máximo, você terá uma boa margem de segurança. 

Para saber o consumo de um notebook, veja a potência em watts indicada na fonte de energia. O notebook não usa mais potência do que aquela especificada na fonte. 

Aparelhos em standby consomem uma minúscula quantia de energia, mas consomem. Se você quer interromper totalmente o consumo deve desligar o aparelho da tomada. O fato de um aparelho parecer estar desligado não significa que realmente está. 

Existe um pequeno aparelho (não sei se no Brasil) capaz de mostrar em tempo real em uma tela de LCD qual é o consumo de um aparelho ligado a ele. Existe também uma técnica envolvendo um voltímetro, mas não me pergunte a respeito.

domingo, 17 de abril de 2011

como fazer um aquecedor solar caseiro.

1. Apresentação
1.1 Proposta
Este manual faz parte de um dos projetos da Sociedade do Sol, denominado Aquecedor Solar de Baixo Custo ou simplesmente ASBC. O ASBC é um projeto para livre utilização da população, cuja tecnologia, por sua simplicidade, não é patenteável. Seus principais objetivos são: melhoria social, preservação ambiental, conservação de energia, possibilidade de geração de empregos, economia financeira familiar e nacional (8 a 9% da demanda elétrica) e redução de emissões do gás estufa - CO2. Assim, as informações deste manual podem ser utilizadas e repassadas para outros interessados na montagem de um sistema ASBC.

As principais características do sistema ASBC são: possibilidade de manufatura em regime de "bricolagem" (autoconstrução) e o uso de material de baixo custo encontrado em lojas de construção. Com o auxílio do presente manual o leitor irá conhecer as peças, as ferramentas e os complementos necessários para realizar a montagem de um sistema ASBC com capacidade de aquecimento de 200 litros de água, que poderá atender a demanda de água quente para banho de uma família de 4 a 6 pessoas.

A Sociedade do Sol acredita que assim estará colaborando para que essa família reduza seus gastos com energia elétrica em pelo menos 30% dos valores atuais de consumo, ampliando sua auto-estima com o prazer de poder produzir em sua casa grande parte da energia térmica utilizada no banho.

Esperamos que o leitor consiga manufaturar (construir) seu sistema ASBC somente com as orientações disponíveis neste manual. Caso tenha dificuldades, a SoSol se coloca à disposição por meio de contato telefônico ou e-mail para colaborar nos esclarecimentos das eventuais dúvidas. Por outro lado, caso tenha interesse em conhecer melhor esse projeto o leitor está convidado a participar de um curso promovido nas instalações da SoSol, onde entre outras informações aprenderá detalhadamente a manufatura do sistema ASBC.
1.2 Garantia do ASBC
É importante frisar que o ASBC é um projeto experimental. Todos que assumirem a responsabilidade de manufaturar seu próprio ASBC, ou se dispuserem a prestar serviços a terceiros, devem estar cientes de que não poderá ser oferecida nenhuma garantia em relação à durabilidade das peças e à temperatura de funcionamento do sistema. Isto se aplica em especial às Placas de forro modulares de PVC integrantes dos coletores solares do ASBC, placas concebidas para serem instaladas em ambientes como escritórios e postos de gasolina.
Incluso no aspecto garantia está o correto conhecimento sobre a potabilidade, descrito no item 5.1.
1.3 Histórico
A idéia de acelerar o desenvolvimento do ASBC iniciou-se após a nossa equipe ser convidada pelo SEBRAE para ocupar o stand paulista na feira industrial da ECO 92, onde o primeiro protótipo ASBC foi publicamente apresentado. Naquele evento, dois grandes desafios ambientais eram discutidos: a redução dos gases poluentes e uso de tecnologia baseada em energia limpa.
De 1992 a 1998 a equipe se dedicou a pesquisas para transformar o protótipo num modelo de aplicação nacional. Com a oportunidade de agregar-se ao CIETEC - Centro
Incubador de Empresas Tecnológicas da USP/IPEN, em janeiro de 1999, os desenvolvimentos se aceleraram muito e o primeiro modelo definitivo do ASBC foi apresentado publicamente no final do ano de 2001, em plena época do "apagão", período de racionamento de energia elétrica.

A possibilidade de aproveitar ou adaptar as instalações hidráulicas do chuveiro e a utilização de materiais de baixo custo, disponíveis no mercado, foi fundamental para esse avanço. Incluem-se entre esses materiais, o chuveiro elétrico, a caixa d'água, a placa de forro (divisória de PVC) e os tubos de PVC comuns. A associação dos materiais de baixo custo e o aproveitamento das instalações hidráulicas residenciais permitem o retorno do investimento de 4 a 8 meses.

Atualmente existem centenas de sistemas ASBC instalados em diversas cidades brasileiras, e um grupo crescente de monitores que prestam consultorias para as comunidades de sua região na montagem dos coletores e instalação dos sistemas. Porém a SoSol espera alcançar o alvo, no médio prazo, de ver instalado em cada lar brasileiro um modelo do ASBC.

2. O sistema ASBC
2.1 O princípio de funcionamento
O sistema ASBC tem o mesmo princípio de funcionamento do sistema tradicional de aquecimento solar de água, diferenciando-se do mesmo pelo tipo de material utilizado e da possibilidade de autoconstrução.

O funcionamento do ASBC se inicia quando a energia solar irradiante, luz e infravermelho, incide sobre a superfície preta dos coletores. A energia absorvida transforma-se em calor e aquece a água que está no interior dos coletores. A água aquecida diminui a sua densidade e começa a se movimentar em direção à caixa, dando início a um processo natural de circulação da água, chamado de termo-sifão. Para tanto o reservatório deve estar mais alto que os coletores. Esse processo é contínuo, enquanto houver uma boa irradiação solar ou até quando toda água do circuito atingir a mesma temperatura.

A água aquecida fica armazenada num reservatório termicamente isolado que evita perda de calor para o ambiente. No ASBC o sistema de apoio térmico é formado por um chuveiro elétrico ligado em série com um dimmer (controlador eletrônico de potência de um chuveiro elétrico), que permite um ajuste fino na elevação da temperatura da água do banho. A tubulação que interliga os coletores, o reservatório e o chuveiro elétrico pode ser montada com os tubos tradicionais de PVC utilizados normalmente em instalações hidráulicas residenciais.

A operação do sistema ASBC pode ser explicada com maior facilidade se dividirmos todo o sistema em quatro partes fundamentais:
1- Reservatório
2- Coletores
3- Chuveiro elétrico com misturador e dimmer para apoio térmico
4- Sistema geral de tubos
Figura 1. Representação de um ASBC residencial.
2.2 Reservatório
Tem a função de armazenar, no decorrer de um dia, a água aquecida pelo coletor solar.

Em seu interior ficam dois componentes típicos do ASBC; são eles:
- Torneira de bóia associada a um tubo vertical. Serve para levar água fria ao fundo da caixa.
- Pescador. Serve para levar ao chuveiro a água que fica na camada de água mais alta e mais quente dentro da caixa.

Além da caixa de água tradicional, em nossa visão a melhor e mais prática opção, outros recipientes industrializados tais como; o tambor de plástico ou a caixa de EPS (isopor) revestida interiormente com filme plástico pneumático (à prova de vazamento), podem servir como reservatório.

Independente do tipo de recipiente utilizado, todos devem receber um isolamento térmico externo para minimizar as perdas de calor nas laterais e na tampa superior. Mas conhecemos aplicações sem isolamentos, já que isso depende muito das necessidades térmicas do usuário.
2.3 Coletor - o principal componente de um aquecedor solar de água.
O coletor solar tem a função de aquecer água. Com a incidência da luz solar em sua superfície exposta ao sol, a água armazenada em seu interior aquece e diminui de densidade, tornando-se mais leve que a água fria. Assim, a água presente no interior dos coletores se movimenta para o reservatório e simultaneamente a água estocada no reservatório flui em direção ao coletor.
Os coletores do ASBC são fabricados com placas de forro modular de PVC, denominadas de alveolares. São forros especiais. Em breve, será oferecida tecnologia semelhante baseada no polipropileno alveolar. Os coletores ASBC se diferem dos comerciais por não utilizarem caixa e cobertura de vidro, que permitem a obtenção do efeito estufa (aquecimento adicional).
A obrigatória ausência da cobertura de vidro não permite que a água aqueça demais, o que afetaria a integridade dos componentes de PVC, que tem limite de temperatura. Isto traz vantagens como: redução do perigo da água quente ferir crianças e a possibilidade do uso de tubos de PVC de água fria, entre outras.
2.4 Misturador de água quente e sistema de apoio térmico
O misturador permite que a água aquecida pela energia solar chegue ao chuveiro. Caso a água aquecida esteja a uma temperatura abaixo do desejado, o usuário complementa o aquecimento por meio do acionamento de um dimmer (controlador da energia fornecida pelo chuveiro elétrico). Nos sistemas tradicionais o apoio térmico normalmente fica instalado no reservatório térmico e o conjunto misturador tradicional necessita de tubulação prévia quente/fria.
2.5 Sistema hidráulico
A tubulação pode ser feita com tubos comerciais de PVC marrom, considerando a natural limitação térmica do coletor solar ASBC. Isto evita a utilização mais complexa e custosa dos tubos de cobre ou da tecnologia CPVC.
Veja informações técnicas sobre tubos e conexões no site => projeto ASBC => dicas técnicas => DICA 05.
2.5.1 Sistema hidráulico e as geadas
Em regiões sujeitas à incidência de geadas, é possível que ocorra o congelamento da água dentro dos coletores e tubulações expostas durante as madrugadas dos dias mais frios. Com o congelamento, a água sofre uma expansão em seu volume e provoca uma pressão nas paredes internas das placas coletoras e nos tubos de PVC. Felizmente, essa pressão é suportada pelas placas e pelos tubos de PVC, não comprometendo suas estruturas. Estas informações nos foram apresentadas por laboratórios associados a grandes fabricantes de equipamentos de PVC. Para os testes foram usados produtos novos e uma temperatura de -5°C (menos cinco graus centígrados). Em nosso entender, poderemos manter esta boa característica de flexibilidade do PVC até o fim da vida do ASBC, desde que mantenhamos as placas e tubos sempre protegidos da radiação ultra violeta através da manutenção da qualidade da pintura preta do PVC.
Assim, o único inconveniente que as geadas podem causar é o de impedir a circulação da água nas primeiras horas da manhã. Mas com o aquecimento pelos primeiros raios solares, a água se descongela e volta a circular naturalmente, sem necessidade de nenhuma intervenção humana.
Testamos recentemente nosso coletor com placa modular de 62 por 125 cm e o tubo de 32 mm em PVC da Tigre a uma temperatura de -25 Graus por mais de 24 horas. Ambos aguentaram esta extrema situação térmica.

3. Manufatura dos componentes do sistema ASBC
Para montar um sistema de ASBC é necessário manufaturar algumas peças. A equipe da SoSol procurou descrever detalhadamente todos os passos necessários para a montagem dos principais componentes desse sistema, ilustrando com foto cada passo descrito no processo. Siga corretamente a seqüência de montagem para garantir a qualidade na manufatura de seu produto.
3.1 Coletores
Um sistema ASBC pode ser projetado para aquecer diferentes volumes de água. Neste manual será demonstrada a montagem de um sistema dimensionado para atender um consumo diário de 200 litros de água quente. A tabela abaixo fornece a quantidade de coletores de acordo com a região onde será instalado o ASBC.
RegiãoQuant. de coletores (p/200L)
Sul / SP capital3
Interior de São Paulo2
Outras regiões2
Os principais fatores que influenciam na quantidade de coletores a serem instalados são de ordem climática, tais como poluição, umidade, vento e temperatura de cada região. Em alguns estados da região Sul sugere-se colar na superfície inferior do coletor uma placa EPS (isopor), ou manta de polietileno (PE) expandido, elevando-se assim a temperatura da água do reservatório em aproximadamente 3 a 4°C.

Para a necessidade de outros volumes de água, por exemplo, a consumida por uma grande família, mantenha essa mesma relação: 1 coletor ou 1,5 coletor para 100 litros de água, dependendo das condições atmosféricas. Caso tenha excesso de temperatura diminua um coletor, ou se a temperatura estiver baixa aumente mais 1 coletor em seu sistema.

Leia com atenção as FAQs (Frequently Asked Questions) (Perguntas mais Freqüentemente Realizadas) disponibilizadas no site em home => como fazer => FAQ.
Obs.: o volume do reservatório pode ser calculado, com boa folga, admitindo o consumo de 50 litros de água por pessoa por dia. Exemplo: uma família de cinco pessoas necessitará de uma caixa d'água de 250 litros.

A relação a seguir descreve as peças, as ferramentas e os complementos necessários para a montagem do coletor solar ASBC. Ao lado de cada item, na coluna finalidade, aparece um número entre parênteses para facilitar a identificação das peças conforme apresentado na figura 2.
Quant.ComponentesFinalidade
XPlaca de forro de PVC alveolar modular 1,25 x 0,62 mComponente do coletor (1)
2XTubos de PVC marrom 32 mm ( ext.) e 700 mm de comprimento (2 por coletor)Componente do coletor (2)
2XLuvas soldáveis de PVC marrom 32 mmPara fazer a união entre os coletores (3)
01Adaptador de PVC marrom 32 mm x 1"Escoar a água dos coletores ASBC para efeito de manutenção (4)
02Joelhos 90° de PVC marrom soldável de 32 mmUnir os coletores aos tubos de PVC (5)
01Cap PVC branco com rosca de 1"Fechar o adaptador da saída de água de manutenção (6)
03Caps de PVC marrom de 32 mmVedar as pontas do coletor no teste de vazamento e fechar definitivamente a ponta superior esquerda do coletor (7)
01Adesivo (bi-componente) Plexus 310 ou Araldite 24h - 30 gr por placa ou resina isofitálicaUnir a placa ao tubo de 32 mm
01Esmalte sintético preto fosco (40 ml por coletor).  Nunca usar tinta denominada de "imobiliária".Pintar as placas do coletor
01Placa EPS / Manta PE expandidoIsolamento térmico e proteção mecânica (8)

Quant.Lista de ferramentasFinalidade
01Trena ou metroFazer as medidas de corte na placa e nos tubos
01Furadeira com broca 3 mm p/ açoFazer os furos-guia no tubo de PVC marrom de 32 mm
01Pincel 2" ou rolo de 5 cmPintar as placas do forro
01Espátula flexível com ponta arredondada, tipo misturador de café/açúcarAplicar a cola sobre a união tubo PVC e placa de forro
01Serra de extremidade livreAbrir rasgo nos tubos

Quant.Lista de complementosFinalidade
01Lixa 120Lixar as rebarbas e superfícies
01Fita crepeLimitar a área de pintura
01JornalApoiar a placa sobre a superfície de trabalho
01Tábua plana de 80 x 15 cmGuia para segurar o tubo durante o rasgo
08Pregos de 4 cmPressionar o tubo sobre a guia de madeira
01LápisRiscar o tubo de 32 mm antes de cortá-los
01Régua de 70 cm ou outra estrutura retaGuiar o lápis para fazer o risco no tubo
01Manual recente "Tigre - Água"Reconhecer as peças de montagem
Figura 2. Visualização das peças utilizadas na montagem de três coletores ASBC
Importante: Caso o Monitor venha a montar coletores para terceiros, leia com muita atenção o 11. Item Especial, logo abaixo. Ele trata da forma com que se elimina o fenômeno denominado "Memória de forma" característico de plásticos extrudados como nossa placa alveolar. Este tratamento torna o PVC menos suscetível a deformações caso ele seja sujeito a calor excessivo.
Descrição da montagem de um coletor
1. Coloque o tubo de PVC marrom de 70 cm sobre a tábua. Fixe-o com os oito pregos, dando firmeza ao conjunto. Utilizando o lápis e a régua, demarcar a área onde será feito o rasgo de 61 cm de comprimento por 1,1 cm afastamento entre linhas (espessura da placa alveolar). Centralize esse rasgo de forma que as pontas do tubo fiquem com 4,5 cm de comprimento cada.
2. Fazer um rasgo interno à área demarcada, para a introdução da serra de extremidade livre. Este rasgo pode ser feito com o auxílio de uma furadeira, com broca de 3 mm. Caso use um ferro de solda para fazer o início desse rasgo, não respire a fumaça do tubo de PVC, por ser tóxica.
3. Introduzir a ponta da lamina da serra e iniciar o corte. Faça movimentos lentos seguindo a marcação, a fim de não abrir um rasgo maior ou menor do que o necessário. Nas pontas do rasgo, fazer cuidadosamente um corte transversal para poder retirar a tira de PVC.
4. Uma vez realizados os dois cortes e retirada a tira, dar acabamento com a lixa nas superfícies cortadas e arredondar, com lima redonda as, extremidades do rasgo, levando para a largura original da placa alveolar, de 62 cm. Em seguida lixar e limpar com álcool.
Observação: Antes de prosseguir a montagem repita a seqüência de 1 a 4 no outro tubo de PVC 32 mm, medindo 70 cm.
5. Lixar as extremidades da placa e encaixar 1 cm de placa no rasgo de cada tubo. Limpar com um pano embebido em álcool todas as superfícies que serão coladas, e tomar cuidado para não mais por as mãos nelas.
Observação: No caso de montar dois ou mais coletores fazer 2 gabaritos (ripas de madeira ou tubos de PVC), idênticos, de 123 cm cada e utilizá-los como régua-guia nas laterais de todos os coletores na hora da colagem para garantir a mesma distância entre os tubos de entrada e saída de água, o que permitirá fácil encaixe com luvas de coletor a coletor.
6. Deitar a placa sobre uma camada de 11 mm de jornal apoiada numa superfície horizontal. (Assim se mantém a posição correta dos tubos relativo à placa) Preparar sobre uma chapa limpa uma quantidade adequada do adesivo bi-componente. Se o adesivo for araldite ou resina isofitálica, misture talco mineral permitindo que o adesivo torne-se pastoso.
7. Utilizando a espátula, passar adesivo nas duas linhas ao longo dos 2 contatos tubos/placa do lado superior do coletor. Após 2 horas vire o conjunto tubos/placa e repita a operação de colagem no outro lado. Se estiver usando adesivo araldite ou resina isofitálica repita a operação somente no dia seguinte. No caso do adesivo Plexus pode-se virar a placa praticamente na mesma hora.
8. Teste de Vazamento: Tampe três extremidades com caps de 32 mm e na outra um joelho de 90° com um tubo de 3 metros de comprimento na vertical (altura ideal). Complete com água e por 15 minutos observar se não há vazamento nas regiões que foram coladas. Se houver, reforçar o adesivo nos locais observados e refazer o teste.

Peso e área do coletor: A área de cada coletor é de 0,78 m2. Cheio de água ele pesa em média 10 kg cada. Essas informações ajudam a prever qual a área necessária para a instalação dos coletores e a carga adicional que o telhado irá suportar. Para efeitos práticos essa carga é muito pequena.
9. Após 24 horas, e após o teste de vazamento, lixar levemente uma das faces do coletor e limpar com pano e álcool. Pintar a face com esmalte sintético preto fosco usando pincel ou rolo, inclusive sobre a área da colagem e parte superior dos tubos. Use a fita crepe nos tubos, para um acabamento limpo; deixar sem tinta apenas 3 cm das pontas dos tubos para futuro encaixe dos componentes de PVC.
10. Cuidados com o coletor vazio exposto ao sol: A eliminação de memória (veja item a seguir) do coletor solar de PVC, não é um processo obrigatório, pois desde que exista a garantia de que o coletor não ficará vazio exposto ao sol, não haverá problema algum. Mas para evitar que os coletores fiquem expostos ao sol no momento da instalação do sistema, poderá ser colocado sobre os coletores uma proteção para que o sol não incida diretamente sobre os mesmos. Assim podendo utilizar materiais como: papelão, tábuas, panos, EPS (isopor), ou qualquer manta que faça uma proteção contra os raios do sol nos coletores.
Um outro processo que ajuda para que os coletores não sofram a ação do sol, seria a pintura dos coletores após tudo instalado e cheio água.
11. Item especial dirigido ao Monitor:Eliminação da Memória de Forma em coletores destinados a terceiros como alunos, entidades assistenciais e outros.
A placa alveolar de PVC tem uma característica denominada de memória de forma. A placa quando aquecida, por igual, até uns 75°C reduzirá seu comprimento em 5 a 10 mm. A razão disso é o estiramento que a placa sofre, ainda quente, quando acaba de sair da extrusora. É esse estiramento que leva ao fenômeno da memória de forma.
O projeto ASBC familiar prevê a pintura da placa de um lado só. Pintada assim, caso exposta vazia à radiação solar intensa, ela pode entortar ficando feia apesar de operacional. Esse fenômeno pode acontecer com as placas instaladas, não representando nenhum perigo em sua operação (veja mais detalhes no site > como fazer > FAQ > Tópico n° 2.006).
Para evitar o processo da deformação, o monitor deverá:
1- Antes de realizar a montagem do coletor (união da placa alveolar ao tubo pré rasgado), item 6 e 7 acima, pintar a placa de preto, frente e verso. Deixar uma lista de 1,5 cm sem pintura nas duas pontas da placa, protegendo-a com fita crepe. Isto é feito para permitir a posterior união placa tubo, evitando lixamento da tinta preta. Deixar a tinta secar conforme instruções do fornecedor. (Semelhante como informado no Item 9 acima)
2- eliminar a memória:
Processo de duração máxima de uma hora
2.1- expor a placa ao Sol.
2.2- quando, após alguns minutos, iniciar uma flexão, virar a placa, expondo o outro lado ao Sol. Iniciar-se-á a contra flexão.
2.3- virar novamente.
2.4- seguir o processo por mais algumas vezes até a placa ficar insensível ao calor, não flexionando mais. A eliminação da memória pode levar de 20 a 60 minutos
2.5 - Retornar ao processo de montagem, item 06 em diante.
3- teste de vazamento/pressão (Item 8 acima):

para dar segurança ao monitor e para aquele que receberá o coletor pronto, ele deverá ser testado com uma pressão de 20 mca (dois bar, 30 libras). Para criar esta pressão nada melhor do que encher o coletor de água, completando a pressão com o ar de uma bomba de bicicleta, medindo-a com um manômetro. É o momento da verdade sobre a qualidade do processo da adesão. Por sinal, no laboratório do ASBC, temos como limite a pressão de 40 mca. O monitor que tiver dúvidas sobre o processo de pressurização, pode falar com a equipe SoSol.
Seguir adiante, conforme os itens 1 a 9 acima.

3.2 Reservatórios térmicos
A principal função do reservatório térmico é armazenar água e mantê-la aquecida para ser utilizada no chuveiro. Os reservatórios dos sistemas tradicionais têm formato cilíndrico horizontal e são fabricados em aço inoxidável ou cobre com excelente isolamento térmico, já que a água atinge temperaturas de até 85°C.

A equipe da SoSol considera possível a utilização de outros materiais, além do metal, na manufatura de reservatórios. Nos testes experimentais o ASBC teve como reservatório: caixa d'água de cimento amianto, caixa termoplástica e as de resina, além de outros tipos de embalagens industriais, que após algumas alterações serviram como reservatório térmico. Caso a caixa utilizada para montar o reservatório seja de EPS (Isopor) recomenda-se impermeabilizar seu interior com filme plástico pneumático, evitando vazamentos, encharcamento do EPS e à contaminação da água.
Com base em suas necessidades diárias de água aquecida, espaço disponível e possibilidade financeira, o usuário escolhe qual será o tipo de caixa que irá utilizar na montagem de seu reservatório. Ele pode optar em instalar uma nova caixa ou então utilizar a própria caixa d'água e adaptá-la para se tornar um reservatório térmico.
Caso tenha que instalar uma nova caixa, aconselha-se escolher uma com um formato apropriado para o local em que será instalada, observando se conseguirá transportá-la até o lugar onde será instalada. Se optar em utilizar a sua caixa de água fria, ele terá que fazer algumas adaptações para que ela se torne também um reservatório térmico, que passará a ser chamado de caixa mista (quente / fria).

A seguir será descrito o processo para montar um reservatório térmico a partir de uma caixa de cimento amianto. Caso o leitor escolha outra embalagem a descrição da montagem a ser seguida deve ser a mesma.
3.2.1 Descrição da montagem do reservatório térmico integral (só água quente)

A relação a seguir descreve as principais peças e complementos necessários para a montagem de um reservatório térmico. Ao lado de cada item está descrito sua finalidade.
Quant.ComponentesFinalidade
01Caixa de cimento-amianto, Fiberglass, EPS, outrosArmazenar a água aquecida
02Adaptadores soldáveis com flanges e anel de 32 mmUnir os tubos dos coletores à caixa
03Conjuntos de adaptadores com flanges de 25 mmPara a torneira de bóia, pescador e o ladrão
01Torneira de bóia preferencialmente com saída para mangueiraRepor a água do reservatório
01Pedaço de tubo branco ou marrom de 7,5 a 10 cm de diâmetroReduzir o turbilhonamento da água fornecida pela torneira de bóia
01Bóia de plástico do pescadorManter a ponta do pescador flutuando na camada mais quente da água
01Eletrotubo flexível amarelo de aproximadamente 1 m x 25 mm de diâmetroComponente do pescador que capta a água da camada mais quente. Mais opções de pescadores, logo adiante
XXMaterial isolamento térmico - serragem, jornal, forração, EPS, grama seca picada, etc.Isolar as laterais e tampa
01Rolo de barbante / fitilho / fita adesivaAmarrar o isolamento nas laterais e tampa
XXFilme de PVC (lona de caminhão)Proteger o isolamento da caixa quando estiver exposta ao tempo
 FerramentasFinalidade
 Serra copo com diâmetro de 44mm para flange de 32mmFazer os furos na caixa de água para a interligação com os coletores
 Serra copo com diâmetro de 36mm para flange de 25mmFazer os furos na caixa de água para a torneira de bóia, pescador e o ladrão
Observação sobre a serra copo: Para caixa de plástico usa-se a serra copo comum com dentes; para caixa de cimento amianto usa-se a serra de copo especial para cimento, e deve-se usá-la jogando água na hora do furo para não levantar e não inalar a poeira que é tóxica.
Escolhido o tipo de reservatório que será utilizado pode-se iniciar o processo de montagem. A manufatura de uma caixa quente se resume em abrir furos nas laterais e instalar os componentes complementares de PVC que controlam a entrada e saída de água do reservatório.
1. Com a caixa vazia e seca fazer dois furos de diâmetro de 32 mm em duas paredes opostas, seguindo os seguintes padrões: o furo do lado esquerdo é a saída de água fria para os coletores e o furo da direita é o retorno da água aquecida. Instalar nesses furos os adaptadores soldáveis com flanges e anel de vedação de 32 mm. A posição do furo da esquerda é a mais baixa possível para que todo o volume de água possa ser aquecido. O furo da direita pode ser realizado até a altura equivalente a metade da altura da caixa. (Veja Anexo 1).
2. Fazer um terceiro furo com diâmetro de 25 mm numa parede perpendicular a dos furos anteriores. O centro desse furo pode estar uma altura máxima da metade da altura total da caixa. Instalar nesse furo o adaptador soldável com flanges de 25 mm pelo qual passará a água da caixa para o chuveiro.
3. Fazer mais dois furos de 25 mm de diâmetro na lateral esquerda e outro na parede oposta. Procure fazer esses furos o mais alto possível, para obter um maior volume de água armazenada no reservatório. Aconselha-se que o centro dos furos mantenha uma distância de aproximadamente 8 cm da margem superior da caixa.

No furo do lado esquerdo, instalar a torneira de bóia e no furo da direita rosquear uma flange de 25 mm para o "ladrão". Conectar um tubo na saída do ladrão direcionado para um lugar onde o vazamento seja rapidamente perceptível pelo usuário, em caso de falha da torneira da bóia.
A caixa ficará com um total de cinco furos. Os dois superiores são entrada de água da rua e a saída do ladrão. Os três furos inferiores são, entrada e saída para os coletores e a saída para o chuveiro. Não foi mencionado o furo de consumo de água fria, pois esta é uma caixa exclusiva para água quente.
Por último, mas não menos importante, deve ser feito um bom isolamento térmico da tampa e das laterais, do lado externo da caixa. A eficiência do isolamento térmico depende da espessura e da qualidade do material utilizado. A sugestão, sempre visando o baixo custo, é o uso de materiais disponíveis gratuitamente em sua comunidade.

A experiência tem mostrado que na fase da instalação e primeira operação do ASBC o isolamento ainda não precisa ser aplicado. Quando a operação de aquecimento já for um sucesso pode-se pensar no passo do isolamento.
3.2.2 Montagem do reservatório térmico misto (água simultaneamente quente e fria)
A caixa mista foi desenvolvida para situações onde não é possível a instalação de mais uma caixa, seja por motivos financeiros ou por falta de espaço no forro / telhado. Nesse caso a caixa d'água fria é adaptada para tornar-se o reservatório térmico virtual. Esta opção é destinada a casas que já têm caixas com volume igual ou maior que 500 litros; assim pelo princípio da estratificação a parte superior do volume de água armazenada fica aquecida e o volume inferior se mantém fria, sem a necessidade de nenhuma barreira física para separar a água fria da água quente.

A única diferença deste modelo de reservatório em relação ao descrito anteriormente, o reservatório térmico integral, é a posição do furo de retorno de saída de água para os coletores. Por exemplo, considere uma caixa com formato cilíndrico, retangular ou quadrado. Anote na lateral da caixa o local do nível máximo de sua água (equivale a altura do fundo da bóia da torneira de bóia toda puxada para cima). Essa anotação corresponde ao símbolo H do desenho abaixo. Divida essa altura (H) em 5 partes iguais (H/5); se a caixa for de 500 litros cada uma dessas divisões tem volume de 100 litros e se a caixa for de 1000 litros cada uma dessas divisões terá 200 litros.
Figura 3 - Posição dos furos no reservatório térmico misto
Tome como referência a linha em negrito tracejado; ela passará a ser o fundo de seu reservatório térmico misto. Assim, faça o centro do furo 1, da lateral esquerda (saída de água fria para os coletores) na altura do próprio negrito tracejado.
Faça o centro do furo 2 na lateral direita (retorno da água aquecida pelos coletores), 5 cm acima do negrito tracejado, permitindo o correto enchimento dos coletores. O furo 3, do pescador (saída de água para o chuveiro), é feito sobre o próprio negrito tracejado.
3.3 Componentes complementares do reservatório térmico
As peças complementares servem para controlar o fluxo de entrada e saída de água que circula no sistema. Elas são montadas a partir de tubos e conexões encontradas em lojas de materiais de construção. Independente do tipo de reservatório utilizado sempre haverá necessidade de instalar as peças complementares para o perfeito funcionamento do sistema.
A primeira é chamada de redutor de turbulência, é um tubo de 7,5 a 10 cm de diâmetro adaptado ao tubo do registro da bóia. A sua função é diminuir o turbilhonamento da água fria que entra, levando-a para o fundo da caixa evitando que a água aquecida armazenada na parte mais alta do reservatório se misture com a água fria que entra como reposição. Seu comprimento deve ser tal que sobre um espaço de 1 cm entre tubo e fundo da caixa.
A Segunda, o pescador, é um conjunto formado por um eletroduto flexível amarelo e uma bóia (flutuador). Esse conjunto é conectado no lado interno do furo 3 e sua finalidade é levar para o chuveiro a água da caixa que estiver com maior temperatura, ou seja, a da parte superior do reservatório.
O pescador pode ser montado de outras maneiras; veja abaixo algumas alternativas:
Observe, após o enchimento da caixa, se as bóias da torneira de entrada e do pescador estão flutuando livremente. As duas bóias não podem estar se cruzando dentro do reservatório. Elas tem que funcionarem livremente. Caso aconteça esse cruzamento, a bóia do pescador deve ficar embaixo da bóia da torneira de entrada, isso para que o furo do pescador continue captando a água durante o uso. Caso o pescador esteja sobre a bóia da torneira de entrada, ele poderá interromper o fluxo da água entre a caixa e o chuveiro elétrico durante o uso.
Um item importante quando os coletores são instalados na mesma altura da caixa é a válvula de retenção (light) instalada no interior do reservatório no flange de retorno da água quente vinda dos coletores. Essa válvula serve para liberar a entrada de água quente durante o dia, e impedir o retorno dessa água durante a noite, ou quando não tiver insolação sobre os coletores. Mais detalhes em: site> como fazer> FAQ> FAQ 9.002, com a pergunta: O que devo considerar no caso de coletores estarem no mesmo nível do reservatório térmico?
 
4. Instalação do sistema ASBC
4.1 Interligação dos coletores
Após a montagem dos coletores e do reservatório o usuário deverá fazer a interligação entre eles por meio da tubulação de PVC. Em instalações residenciais, usuários do ASBC informaram que não utilizaram a cola de PVC em tubos e componentes, e sim a fita veda rosca - sempre com bons resultados. A ausência da cola permite que sejam feitas as adequações iniciais necessárias. Após todos os testes, as conexões do ASBC podem ser coladas definitivamente, caso o montador assim o deseje.

Em sistemas residenciais, os coletores sempre devem ser ligados em paralelo, o que significa uma interligação contínua dos tubos de baixo, assim como a dos tubos de cima. As conexões entre os coletores devem ser feitas, pelo menos na fase inicial, sem o uso de adesivo. As opções de como fazer as conexões podem ser resumidas na tabela 3.
Tabela 3 - Formas de interligação das conexões
Conexão com camada de fita de teflon (fita veda rosca)Facilita a montagem e desmontagem
Conexão a seco e sem adesivoMaior esforço para montar e desmontar, resultando uma conexão mais firme
Conexão com adesivo Tigre Menor esforço e montagem definitiva, padrão PVC
Após a conexão dos coletores, irão restar quatro "pontas". Duas delas servirão para a circulação de água; uma para a entrada de água fria pelo tubo inferior (furo 1 do reservatório), e a outra, diametralmente oposta no tubo superior, para o retorno de água aquecida (furo 2 do reservatório). Nestas duas pontas devem ser colados os joelhos 90º. As outras duas serão seladas, sendo que na ponta inferior, selar com um adaptador bolsa/rosca e cap com rosca e na outra ponta, no tubo superior, fechar com cap colado.
4.2 Fixação e inclinação dos coletores
Determinada a posição dos coletores no telhado, se possível direcionados para o norte geográfico e sempre respeitando as alturas relativas entre caixa d'água e coletores, o usuário fixará os coletores na estrutura de madeira do próprio telhado. Essa fixação deve ser feita com fios de cobre rígidos de longa vida no ambiente externo, evitando abraçadeiras plásticas de correr, que sofrem rapidamente a ação do tempo. (Leia com atenção os Anexos 1 e 2 desse manual).

Caso os coletores sejam instalados em uma laje, deve-se considerar como inclinação ótima, a latitude do local acrescida de 10 graus. Por exemplo, em São Paulo a latitude é 23°, portanto a inclinação deve ser 33°. No caso de residências com telhados que não atingem a inclinação sugerida (latitude + 10°), pode-se compensar essa diferença com o acréscimo de mais um coletor, caso a temperatura da água do banho no inverno esteja abaixo do esperado.
Antes de fixar os coletores definitivamente, é necessário manter uma pequena inclinação lateral no conjunto para facilitar a eliminação de bolhas de ar dos coletores e tubulações, permitindo que elas subam naturalmente até o reservatório, saindo pelo ladrão. Ensaios em laboratório indicam que para cada 1 m de coletor 2 cm de inclinação lateral são suficientes para garantir a movimentação das bolhas de ar da tubulação. Resumindo, o lado da saída da água quente dos coletores deve ser o ponto mais alto do conjunto.
4.3 Interligação coletores com reservatório
Após a fixação dos coletores na posição definitiva faça a interligação dos coletores com o reservatório. O reservatório deve estar acima do nível das placas, e quanto maior este desnível, melhor a circulação de água entre os coletores e o reservatório. Assim, é necessário que a cota inferior do reservatório (fundo) esteja pelo menos na cota superior dos coletores (tubo superior), ou então, seguindo as informações do anexo 1.

Portanto quanto mais próximo o reservatório estiver da cumeeira e o coletor próximo da borda externa de uma das águas do telhado, melhor será a circulação de água no sistema. Este desnível, porém, não deve ser maior do que 3 metros, dadas as limitações de pressão nos coletores plásticos do ASBC.
Na eventualidade de que seja impossível manter os coletores abaixo do fundo da caixa, isto é, instalando-os na altura da própria caixa, estaremos diante da situação descrita detalhadamente no trabalho presente no sitesite> projeto ASBC> componentes - conceitos originais> válvula de retenção light e os detalhes de como fazer essa válvulalight em: site> como fazer> FAQ> FAQ 9.002, com a pergunta: O que devo considerar no caso de coletores estarem no mesmo nível do reservatório térmico?
Principal cuidado com os coletores instalados à altura do reservatório: o tubo superior dos coletores deve estar pelo menos 5 cm abaixo do nível máximo (usual) da água dentro do reservatório.
As interligações devem ser feitas com tubos e conexões de 32 mm. Aconselha-se nessa fase experimental da montagem utilizar duas voltas de fita veda rosca (teflon) para facilitar o encaixe e desencaixe das conexões. Inicie as interligações conectando o tubo que sai do furo 1 da caixa com o joelho inferior esquerdo dos coletores. O tubo de retorno de água quente sai do joelho superior dos coletores, no lado oposto da entrada de água fria, e é conectado no furo 2 do reservatório, por meio de um adaptador com flange anel de 32 mm.
Observação: no caso da necessidade de uso da válvula light, sua flange deverá estar um pouco acima do tubo superior dos coletores, acelerando, por pouco que seja, a circulação natural entre reservatório e coletores.

A instalação dos coletores à altura do reservatório, traz, além de uma redução de eficiência térmica do ASBC, pela redução da velocidade de circulação da água, a possibilidade de sua interrupção. Ela acontece como resultado de uma ausência momentânea de água da rede pública, baixando o nível na caixa, expondo a flange de retorno e bloqueando assim toda a circulação solar da água.
Figura 04: interrupção da circulação por falta de água da rede.
Formação de gases no ASBC e sua eliminação
É importante que a tubulação de retorno da água dos coletores tenha uma inclinação sempre crescente em direção ao reservatório. Os gases liberados pela água durante seu aquecimento nos coletores, devem escoar até o reservatório. Se houver algum ponto alto no meio do caminho (uma inflexão), poderá ocorrer acúmulo de ar, interrompendo a circulação natural da água.

Se for impossível evitar a inflexão, instale neste ponto alto do tubo de retorno, um respiro (tubo vertical partindo do ponto alto do retorno), cuja ponta deve estar 10 cm mais alta do que o nível máximo de água na caixa. O respiro pode ser um tubo de alumínio, tipo antena de TV, um tubo de PVC de 20 mm ou outro meio que o montador achar adequado.
Figura 05: exemplo conceitual de um respiro.
Depois de concluída a instalação é conveniente pintar toda tubulação exposta ao sol com esmalte sintético preto fosco para aumentar sua vida útil. Se desejar este é o momento de interligar com adesivos os componentes de PVC.
4.3.1 Isolamento dos tubos de interligação
A experiência demonstra que tubulações com mais de 3 metros devem ser termicamente isoladas para minimizar perdas. Aconselha-se proteger a camada de material isolante (escolhido a gosto do instalador), com uma chapa fina de alumino. Quando o tubo estiver abaixo do telhado a proteção do alumínio torna-se desnecessária, pela ausência de chuva e da radiação ultra violeta. Na ausência de chapa de alumínio, usar chapa de lata de tinta de 18 litros.
4.3.2 Proteção dos coletores solares antes do enchimento com água
A presença da irradiação solar de verão sobre os coletores antes de estarem cheios de água pode afetar definitivamente suas características mecânicas. Aconselha-se enfaticamente que enquanto o sistema não estiver completamente cheio de água, e circulando, os coletores solares sejam cobertos (exemplo: papelão, folhagens, jornal, etc.).
Veja: site > como fazer > manuais > dúvidas e sugestões
4.4 Interligação entre o reservatório e o chuveiro elétrico
Ainda falta a interligação do reservatório ao chuveiro. Essa tubulação pode ser feita com um tubo PVC marrom soldável de 20 mm, porém recomenda-se que a tubulação, caso embutida, seja de cobre, CPVC ou outros especiais para altas temperaturas. A utilização de tubos especiais evitará a troca da tubulação caso o usuário deseje substituir o ASBC por outro sistema de aquecimento que forneça água a uma temperatura muito superior ao do ASBC. A distância entre o reservatório térmico e o chuveiro elétrico deve ser a menor possível, a fim de minimizar as perdas térmicas e reduzir o tempo de espera de chegada da água quente.
4.4.1 Configurações da interligação
Existem 3 configurações possíveis para a interligação da tubulação do reservatório térmico para o chuveiro elétrico. O usuário deve escolher a que melhor se adapta à sua residência.

primeira, de melhor estética, é embutir a tubulação de água quente na parede do banheiro. A tubulação que vem do reservatório térmico é interligada nessa tubulação usualmente por intermédio de um nipel, e normalmente dentro do forro da casa. A tubulação que ficar embutida deve ser do tipo usada em qualquer sistema profissional de aquecimento. Os tubos devem ser resistentes a altas temperaturas como tubos de cobre, CPVC, polipropileno, polietileno, etc. Nessa configuração vão ficar aparente apenas os registros para água quente e fria. Dentro da parede deve haver um Tê de 90° (próprio para água quente) com rosca para ligação das tubulações "quente - fria", constituindo-se assim o misturador (ver mais detalhes nesse manual no Anexo 1 o  tópico 2). Saindo deste Tê, segue apenas um tubo (próprio para água quente) que leva a água já misturada até o chuveiro. As normas internacionais indicam que o registro de água quente fique do lado esquerdo do registro de água fria.
Para as configurações 2 e 3 - o tubo de PVC marrom, aquele que a gente usa normalmente, não deve ser embutido. Se houver real desejo de embutir por motivos estéticos, siga as orientações da primeira configuração.
segunda configuração possível é muito semelhante à primeira, sendo que a tubulação, vinda do teto, ficará aparente, descendo até a uma altura desejada, (por exemplo, a do registro de água fria pré existente), onde será instalado o registro da água quente, subindo o tubo depois do registro em direção ao chuveiro. No tubo de alimentação do chuveiro deve ser instalado um "Tê", entre a saída da tubulação de água fria da parede e o tubo de alumínio que leva ao chuveiro. A tubulação aparente de água quente deve entrar na bolsa central deste Tê, configurando-se assim o misturador. No sistema ao lado ainda não foi instalado o dimmer.
terceira opção é um meio termo entre as duas primeiras, com menos "quebradeira" que a primeira e de melhor estética que a segunda, além de mais econômica. Será necessário apenas um furo na laje, para a descida vertical do tubo que carrega a água quente, e um registro de esfera de 20 mm soldável com borboleta. Utilizando o mesmo Tê da segunda opção, ligar na bolsa central a tubulação da água aquecida que vem do reservatório térmico; em uma das entradas do Tê ligar o chuveiro e na outra a tubulação de água fria. Para acionar o registro de esfera é necessário fazer uma haste adaptando uma extensão na manopla (borboleta) do registro, levando o comando até a altura da mão do usuário. Convém que a extensão não seja muito comprida para evitar que crianças se pendurem nela.
4.4.2 Como manter a temperatura da água para um melhor banho matinal
Em residências onde se deseje tomar um banho matinal utilizando a água aquecida pelo ASBC é necessário manter o volume de água armazenado na máxima temperatura. Para isso é necessário garantir que parte do volume de água aquecida no dia anterior se mantenha quente para ser utilizado na manhã seguinte. Assim recomenda-se que a torneira de bóia não complete a água do reservatório com água fria, durante a seqüência dos banhos noturnos.
Para isso é necessário instalar um registro que interrompa a alimentação do reservatório quando iniciar os banhos noturnos. Esse registro pode ser instalado no interior do banheiro. Será fechado antes do primeiro banho e só será aberto após o último banho matinal. Na manhã seguinte, após os banhos matinais, o reservatório começa a encher novamente e permite que a água se aqueça pela energia solar.
4.5 Ligação do dimmer ao chuveiro
Em dias nublados ou chuvosos, a temperatura da água poderá ficar inferior ao valor desejado. Assim, para elevar a temperatura a um valor confortável, instala-se um controlador de potência do tipodimmer em série com os fios de alimentação do chuveiro elétrico. O dimmer permite que se utilize somente a potência necessária para elevar a temperatura, evitando o superaquecimento da água do banho. Antes de instalar o dimmer, leia com muita atenção as instruções do fabricante.
4.6 O boiler pré-existente
Para evitar despesas desnecessárias de energia, sugere-se desativar o boiler fazendo uma ligação direta entre saída quente do ASBC com o tubo que já acessava o chuveiro ou ducha. Com a eliminação da função de aquecimento do boiler (disponibilizando-o para possível uso futuro) torna-se necessário substituir a ducha por um chuveiro elétrico com dimmer ou eletrônico. Caso o instalador deseje manter o boiler na função de aquecedor de apoio, a SoSol pode apresentar detalhes de como isso poderia ser realizado. Porém, essa opção consome muito mais energia elétrica.
4.7 Peças e complementos de interligação
A relação a seguir descreve as principais peças e complementos necessários para a interligação de coletores, reservatório e o chuveiro elétrico.
Quant.PeçasFinalidade
 Caixa - Chuveiro 
01Dimmer eletrônicoControlar a potência do chuveiro
01Tê de 90° com rosca de ½"Unir a entrada de água fria com a entrada de água aquecida e enviar para o chuveiro.
01Nipel roscável de ½"Interligar o dimmer à rosca de encaixe do chuveiro (água fria)
01Registro esfera com borboleta de ½"Controla o fluxo de água aquecida no chuveiro
01Tubo de PVC 25 mm, aproximadamente 1 metroMontagem da haste de acionamento
01Cap marrom soldável 25 mmComponente da haste de acionamento
01Joelho 90° marrom soldável 25 mmComponente da haste de acionamento
 Coletores - Caixa 
xxTubo de 32 mm PVC rígido e possíveis componentesInterligar o sistema de coletores ao reservatório
 Fio de cobre rígido 2,5 mm, arame galvanizado, abraçadeiraFixar os coletores no telhado
 Fita veda rosca (fita teflon)Vedar roscas e facilitar os encaixes
 Material isolante - jornal, carpete, EPS, etc.Isolar termicamente a tubulação
 Chapa de alumínio ou de lata de óleoProteção dos isolamentos da ação do Sol e da chuva
4.8 Enchimento do ASBC
Abrir a tampa do reservatório e acionar o registro que controla a torneira de bóia. A água ao subir vai fluir pelo tubo de 32 mm de saída de água fria iniciando o enchimento dos coletores. Passados alguns minutos, os coletores estarão cheios e a água estará chegando à caixa pelo tubo de retorno dos coletores.

Cuidado: Nunca permita que no enchimento os coletores recebam água vinda do lado direito da caixa (retorno). O enchimento simultâneo dos coletores leva à criação de grandes bolhas de ar que vão impedir a circulação natural entre coletores e caixa.

Caso isso aconteça, facilmente verificável pelo toque da palma da mão sobre a superfície dos coletores confirmando presença de áreas mais quentes, as seguintes medidas podem ser tomadas:
Inserir o esguicho de água no tubo de saída do aquecedor (dentro da caixa). Abrir a torneira cuidadosamente até verificar que grandes bolhas de ar estão saindo do lado do retorno. Fechar a torneira e retirar o esguicho.

Na inexistência do esguicho, abrir o cap branco com rosca deixando, a água escapar até secar os coletores. Fechar a saída com o cap e reiniciar o enchimento da caixa com os devidos cuidados. Caso o retorno se situe no mesmo nível ou abaixo da flange de saída para os coletores, existe um método simples para evitar que a água entre pela flange de retorno, sem que se impeça o escape do ar proveniente dos coletores que estão sendo inundados internamente.
Isso se faz com 5 cm de tubo de 32 mm, um joelho de 90º e outro pedaço de tubo de 32 mm com aproximadamente 20 cm de comprimento. Veja a figura ao lado.
Reforçando: Evite que água entre simultaneamente pelos tubos que acessam os coletores (saída e retorno), pois nesse caso poderá ocorrer uma retenção de ar nas placas gerando grandes bolhas que impedirão a circulação natural da água aquecida.
Enquanto o reservatório enche, retire a proteção de sombreamento que cobria os coletores e verifique se há vazamentos em qualquer lugar dos tubos e dos coletores. Controle o nível da água na caixa entortando adequadamente a haste da torneira de bóia.
4.9 Primeiro acionamento do ASBC
Aconselha-se que o usuário sempre acione em primeiro lugar o registro de água quente. Caso a temperatura da água aquecida esteja abaixo do esperado, o usuário pode complementar o aquecimento acionando o ajuste fino do dimmer, fixado próximo ao chuveiro elétrico, que elevará a temperatura da água somente o necessário. Caso a água esteja a uma temperatura agradável ele não precisa acionar odimmer. O registro de água fria só será utilizado quando o usuário sentir necessidade de diminuir a temperatura da água aquecida pelo sol ou então quando quiser tomar um banho frio.

5. Comentários finais
5.1 Potabilidade da água fornecida pelo ASBC
As placas de forro alveolares de PVC têm em sua formulação aditivos que podem alterar a potabilidade da água. Com base em testes realizados no laboratório de análise química do IPEN, a presença de aditivos na água, acima dos parâmetros legais, é observada somente nas primeiras semanas de circulação da água pelos coletores (não mais do que quatro). Nas semanas seguintes a água já entra em regime de potabilidade, apresentando somente traços destes aditivos. Assim a Sociedade do Sol recomenda que o usuário, nas primeiras quatro semanas de uso, não a utilize para cozinhar e nem para beber. Além desse cuidado inicial, aconselha-se que sempre que o sistema ficar inativo por sete dias ou mais (ausência de moradores, férias, etc) toda a água do reservatório seja trocada. A água parada em um ambiente, mesmo que escuro e quente, apresenta condições para o desenvolvimento de microorganismos.
5.2 Cuidados na operação
Por sua natureza, o ASBC ainda é um produto experimental. Diariamente chegam sugestões de montadores de todo o Brasil, sugerindo novas idéias que podem facilitar a manufatura das peças e montagem do sistema. Sinta-se à vontade para enviar sugestões e comentários que possam resultar numa melhora da eficiência do ASBC.

Por outro lado existem também aqueles montadores que por dificuldade de interpretação do manual ou outros problemas, não ficam satisfeitos com o aquecimento fornecido pelo sistema. Para esses, sugerimos que antes de desistirem de colocar o sistema em operação definitiva, atentem às sugestões a seguir:
  • Analisar a existência de vazamento na tubulação e coletores.
  • Analisar se o coletor está muito quente uniformemente. Nesse caso pode haver bolhas de ar no sistema placas/tubos, impedindo a circulação da água.
  • Analisar se os tubos de circulação não estão entupidos com jornal ou panos.
  • Rever a inclinação dos coletores e dos tubos de retorno.
5.3 Manutenção
O ASBC é um equipamento que não necessita de manutenção e reparos constantes. Entretanto recomendam-se atenções no decorrer de sua utilização.
Coletores
Inspeção visual: Uma vez por ano analise a superfície negra e a região colada, porém sem forçá-los. Procure rachaduras ou descolamentos nessas regiões.

Superfície Negra: Os coletores deverão ser repintados de tempos em tempos, dependendo da região do Brasil e de sua insolação. A tinta preta fosca sintética pode operar bem até cerca de 3 anos quando totalmente exposta às intempéries.
Limpeza interna do sistema: Uma vez ao ano sugere-se desatarraxar o Cap com rosca 1" (branco) do sistema de coletores. A água do reservatório térmico esvaziar-se-á pela nova abertura. Observar a cor da água. De início marrom, devido aos depósitos de barro e outros materiais dentro dos tubos de PVC. Pouco tempo depois ela clareará e o Cap já poderá ser recolocado e reapertado. Não esquecer de passar veda rosca para evitar pequenos vazamentos neste local.

Excesso de torção no manuseio do Cap: Lembrar que ao desatarraxar e reapertar o Cap, sempre prender o tubo de PVC com alicate ou com uma mão firme para evitar que a torção desta operação force o coletor solar, nas linhas de colagem entre placa / tubo.

Reservatório térmico - Leia com muita atenção !!!

Inspeção visual externa: A cada seis meses faça uma verificação cuidadosa do seu estado, incluindo vazamentos.

Inclua nesta inspeção UMA VIGOROSA AÇÃO DE LIMPEZA DA CAIXA DE ÁGUA TÉRMICA, TAL COMO SUGERIDO NO SITE DA SABESP:

http://www.sabesp.com.br => Uso Racional da Água => Dicas e Testes => Limpeza de Caixa d'Água

Esta operação de limpeza é obrigatória para qualquer tipo de caixa de água.
No caso de aquecedores solares esta limpeza é ainda mais importante diante da potencial facilidade com que algas e bactérias se multiplicam em ambientes mornos a quentes.


Se o reservatório térmico for de EPS (Isopor) e se ele estiver exposto à luz solar e ao tempo sem proteção especial, ele pode sofrer rápido desgaste e deformidade em seu formato.

Verifique também a qualidade do filme plástico ou cobertura interna de proteção contra vazamentos. Uma excelente forma de verificar se houve vazamento é a de tentar levantar o reservatório vazio. Se ele estiver muito mais pesado do que a caixa quando nova, esta caixa já vazou e perdeu sua capacidade de isolamento térmico.

Inspeção visual interna do reservatório térmico: Observe o funcionamento das peças complementares.
.
5.4 Lista com sugestão de fornecedores
Para os Manuais dos ASBCs On-Line, a lista com sugestão de fornecedores de materiais se encontra em uma única página. Isso foi feito para evitar duplicidades e listas desatualizadas.
Para ver a lista atualizada, clique aqui.


MANUAL DE INSTRUÇÃO DE
MANUFATURA E INSTALAÇÃO EXPERIMENTAL DO
AQUECEDOR SOLAR DE BAIXO CUSTO
A S B C
Elaborado por SoSol - Sociedade do Sol
ANEXO 1

MINUTA DE NORMA TÉCNICA
Junho 2005 - versão VII

AQUECEDORES SOLARES EM HABITAÇÕES POPULARES
Adequação de instalações hidráulicas e considerações arquitetônicas para o aumento da eficiência de aquecedores solares residenciais.

NOTA: Esta minuta é válida para todo o tipo de sistema de aquecimento solar.

Palavras Chave:
Aquecedor solar, energia solar, aquecimento de água, habitação popular, alçapões.

Objetivo:
A presente minuta de norma tem como escopo (alvo) facilitar ao arquiteto e projetista de instalações o projeto de casas populares para que estejam preparadas para serem complementadas com aquecedores solares.

Considerações Gerais:
Historicamente o aquecedor solar para uma residência mono ou multifamiliar sempre foi considerado um complemento de luxo, cujo custo inviabilizava sua aplicação em habitações populares.

Com recentes desenvolvimentos brasileiros, visando oferecer às populações de baixa renda equipamentos solares de baixo custo, tornou-se imperativo a prévia programação destas habitações para suportarem equipamentos solares, evitando desnecessárias adaptações ou reformas por parte do usuário final.

Generalidades:
O Aquecedor Solar monofamiliar, quando do tipo de Baixo Custo (ou tradicional), compõe-se de:
  • Dois a três coletores solares, em plástico preto (ou metálicos com cobertura de vidro), expostos ao sol, pelos quais circula a água a ser aquecida;
  • Um reservatório térmico de água de até 300 litros;
  • Um sistema de circulação e distribuição de água quente de PVC marrom (ou tubos de cobre isolados e/ou de CPVC e/ou de Polietileno ou Polipropileno);
  • Um chuveiro elétrico que fornece água fria e água quente solar, cuja potência é controlada por um controlador de energia (dimmer), acionado em dias em que o aquecimento não foi suficiente (ou sem o chuveiro elétrico, já que o reservatório térmico tradicional utiliza resistência elétrica interna);
  • Um sistema de mistura das águas quente e fria para o chuveiro.
A área dos coletores é de cerca de 1,5 a 2,5 m2, com peso total de cerca de 15 a 40 kg/m² dependendo do tipo de coletor. Eles são usualmente apoiados sobre uma das águas (quedas) do telhado.
1 - Aspectos Arquitetônicos
1.1 - Direção e inclinação do telhado
Uma das águas do telhado deve, sempre que possível, estar direcionada ao Norte Verdadeiro, com desvio máximo, seja à direita ou à esquerda (leste ou oeste), de 45 graus, conforme figura 01.

A inclinação do telhado deveria ser próxima à da latitude local. Pode-se superar esta inclinação em até 10 graus, melhorando a eficiência do equipamento no período de inverno. Vide figura 02.

Por exemplo, em São Paulo - Capital, a latitude é de 23º. Assim o ângulo de inclinação com a horizontal pode variar de 23 a 33 graus.

No caso de casas com laje ao invés de telhado, pode-se montar uma estrutura leve de ripas, para obtenção da correta inclinação e direção.
Figura 01: Direção de uma das águas do telhadoFigura 02: Inclinação do telhado
1.2 - Posição relativa entre coletores solares e reservatórios
Para a obtenção de uma boa circulação natural da água no circuito coletores - reservatório térmico (evitando-se o uso de custosa moto-bomba), o reservatório deve estar acima do nível das placas. Quanto maior este desnível e atendendo à restrição abaixo, maior a velocidade de circulação, melhorando a eficiência térmica do sistema.

A exigência é que a diferença de altura das cotas caracterizadas pelo ponto de retorno (entrada quente no reservatório) e a linha horizontal que divide o coletor ao meio, seja igual ou superior a 50 cm (figura 03a). Se houver escolha da caixa de água mista quente/fria, a diferença das cotas caracterizadas pelo ponto de retorno (entrada quente no reservatórios) e a linha horizontal que divide o coletor ao meio, deverá ser igual ou superior a 60 cm (figura 03b).
Restrição: A diferença de altura das cotas não deve ultrapassar 3 metros no caso dos coletores termoplásticos – ASBC.
Figura 03a: Desnível Coletor-Reservatório de Água Quente.Figura 03b: Desnível Coletor-Reservatório Misto.
Quanto mais próximo da borda do telhado estiverem os coletores, mais fácil será o cumprimento destas exigências.

Caso o arquiteto esteja planejando uma casa mais luxuosa, mantendo eventualmente tecnologia do ASBC, o desnível entre o ponto de retorno da água e a linha média dos coletores termoplásticos não deve superar os 3 metros, face às limitações mecânicas dos coletores de baixo custo. Este desnível, no caso de coletores metálicos tradicionais, pode ser muito maior.
1.2.1 - Localização do reservatório térmico
O reservatório de água quente deve estar o mais próximo possível do ponto de uso, o chuveiro elétrico (ducha). Caso haja mais de um ponto, o reservatório deverá estar a uma distância mediana dos mesmos, equilibrando o tempo de chegada da água quente aos pontos de uso.

Caso a habitação popular, por motivos de espaço ou outros, não permita a instalação de uma caixa de água adicional, o projetista poderá fazer uso da técnica da caixa de água mista quente/fria, que combina num mesmo reservatório (o de água fria), tanto a água quente quanto a própria água fria. A técnica é simples, com a aplicação do princípio da estratificação térmica (água quente flutuando por cima da água fria da caixa, sem uso de separadores mecânicos). Detalhes podem ser encontrados no presente manual de manufatura dos Aquecedores Solares de Baixo Custo.
1.3 - Caixa de água externa
O projetista deve manter as relações de altura acima apresentadas. Se for possível, ampliar o espaço para a instalação de um reservatório térmico ao lado da caixa de água fria.

No caso da inviabilidade da extensão da laje da caixa de água, aplicar o processo da caixa de água quente mista, explicitado acima.
2 - Aspectos Hidráulicos
Tendo em vista a provável instalação do aquecedor solar, seja pelo construtor, pela cooperativa, pelo mutirão ou então pelo próprio usuário, o projetista da habitação deverá prever um misturador tradicional de água quente e fria para o chuveiro elétrico. Equivale à adição de tubos de água quente ao sistema:
  • Um tubo de descida proveniente do forro;
  • Um novo registro;
  • Um "T" para a união das águas fria e quente;
  • Um tubo de subida do "T" ao chuveiro elétrico ou ducha.
Para que água, a qualquer temperatura, possa ser enviada à ducha, os dois tubos mencionados devem ser especiais para água quente (cobre, CPVC, PP ou PE).

Pelo baixo fluxo de água que passa pelos tubos de água quente, estes podem ser, sem perda de vazão, de diâmetro de 20 mm ou de ½" (meia polegada).
Obs.: a norma ABNT indica ¾" (três quartos de polegada). Mas para minimizar o tempo de chegada da água quente do ASBC e reduzir as perdas térmicas, sempre sugerimos ½" que em PVC corresponde a 20 mm. A de ½" corre por conta da tecnologia do ASBC que procura dar máxima eficiência do uso da água quente. Isto se refere à casa popular, onde as distâncias entre caixas e locais de uso são pequenas. Se a distância for longa, o usuário deve levar em consideração se seu banho é de ducha, mais de 5L/m (cinco litros por minuto), ou normal, menos de 5L/m.

A bitola menor (½") traz a vantagem de reduzir perdas térmicas, além de acelerar a chegada da água quente, reduzindo custos de água e de energia. Veja figura 04.
Figura 04: Tubulação de espera para água quente.
3 - Aspectos Elétricos
Todas as normas que visam a segurança e boa operação do chuveiro elétrico em habitações populares devem ser mantidas, mesmo estando a habitação preparada para receber aquecedores solares.
4 - Observações sobre a manutenção no forro: O Alçapão
Historicamente o alçapão de acesso ao forro de uma casa é projetado com dimensões mínimas, o suficiente para a passagem de uma pessoa magra. Com o envelhecimento da casa, trabalhos de manutenção no forro e telhado se tornam necessários.

Se for necessária uma troca de reservatório, o proprietário ou amplia o alçapão, ou introduz o mesmo pelo madeirame do telhado, serrando suas ripas e caibros, enfraquecendo a estrutura de madeira.

Sugestão: Projetar as dimensões do alçapão com dimensões suficientes para a passagem de grandes objetos, como por exemplo, caixas de água de 500 litros, facilitando futuras manutenções.

MANUAL DE INSTRUÇÃO DE
MANUFATURA E INSTALAÇÃO EXPERIMENTAL DO
AQUECEDOR SOLAR DE BAIXO CUSTO
A S B C
Elaborado por SoSol - Sociedade do Sol
ANEXO 2

TABELA DE EQUIVALÊNCIA ENTRE GRAUS (ÂNGULO) E ELEVAÇÃO PORCENTUAL DA INCLINAÇÃO DO COLETOR
Nem sempre o montador de um aquecedor solar tem um medidor de graus (inclinômetro) à mão para regular/medir a inclinação de um coletor.

Para facilitar, incluímos neste trabalho uma tabela que permite definir o grau desejado com facilidade.
GrausElev%------GrausElev%------GrausElev%
11,75 1628,67 3160,09
23,49 1730,57 3262,49
35,24 1832,49 3364,94
46,99 1934,43 3467,45
58,75 2036,40 3570,02
610,51 2138,39 3672,65
712,28 2240,40 3775,36
814,05 2342,45 3878,13
915,84 2444,52 3980,98
1017,63 2546,63 4083,91
1119,44 2648,77 4186,93
1221,26 2750,95 4290,04
1323,09 2853,17 4393,25
1424,93 2955,43 4496,57
1526,79 3057,74 45100,00
Exemplo: Desejamos inclinar o coletor em 25 graus, mas não dispomos de transferidor. Na tabela verificamos que 25 graus equivalem a 46,63 % de inclinação.
Agora é só desenhar horizontalmente uma linha de 1 metro (100 centímetros). No final desta linha, uma outra, a 90 graus (no esquadro) de 46,63 cm.

Unir a ponta superior da vertical ao início da linha de 100cm.

O ângulo neste início terá 25 graus. A forma mais fácil de levar esta inclinação ao telhado será a de desenhar o grau sobre folha de jornal ou sobre cartolina. Então é só recortar, levar e aplicar.
Outra simples aplicação: Qual será a inclinação, em graus, do meu telhado?
Basta medir a largura da água do telhado na base do seu forro, (por exemplo, 3,40 metros) e a altura máxima desta água partindo do forro até as telhas, (por exemplo, 1,40 metros).

Divida 1,40 por 3,40. Resultado: 0,41. Para transformar em porcentagem, é só multiplicar por 100 = 41,00
Entrando na tabela, verificamos que 41,00% = +/- 22 graus.